domingo, 26 de agosto de 2012




BANQUETE



O mundo antigo poderia não estar familiarizado com um ambiente de costumes e hábitos culinários excêntricos. Da mesma forma um personagem histórico à 2000 acharia estranho comermos waffes, comermos Chease Burger, tomarmos Refrigerante e conservarmos comidas durante anos. Realmente, o nível de técnicas alimentícias que se desenvolveram até nossos dias é inacreditável até mesmo aos olhos de um não terráqueo! Mas existiu por muito tempo um mundo de comida pouco estimável a nós e totalmente desconhecida. Pesquisadores ainda estudam para tentar desvendar os segredos da culinária Antiga. 

(afresco de pompeia)

Abaixo um pouco de curiosidade dos alimentos e hábitos que costumavam fazer parte da culinária Romana, principalmente para camada mais abastada, enriquecendo seus banquetes, alguns destes que se transformavam em grande bebedeira e possíveis orgias, em homenagem, essencialmente, a Liber Pater (um dos nomes dado a Baco)


(Baco)

Um típico banquete Romano deveria conter uma peça reservada para a cena (refeição noturna, e mais importe), onde estariam dispostos os triclinium, onde os convivas deitavam posicionados conforme as formalidades da época.

(Triclinium)

 O número de convidados era importante. Artistas, na sua grande maioria escravos, eram encarregados de alegrar o ambiente, tocar flautas, fazer danças, além, é claro de servir os convidados a todo momento, tornando o ambiente um verdadeiro vaivém de pessoas. Um típico cardápio de um banquete romano seria: 

Pratos iniciais

- Arganaz (espécie de roedor selvagem) assado com mel e semestes de papoula 

-Salsichas com ameixas e sementes de romã 

Papa-figo(pássaro silvestre) com maionese apimentada 

Azeitonas verdes e pretas 

Pratos principais

- Mamas de javali 

-Porco recheado com linguiça e chouriço(por vezes era porco, recheado de coelho, recheado de frango, recheado de pássaro, recheado de linguiças e chouriço)- o famoso “Leitão de Jardim” 

-Grão-de-bico com rins e testículos de boi, útero de javali estéril,figo africano, corvo, lagosta e ganso 

-Aves gordas 

-Lebre assada 

-Peixinhos 

Segundo prato

- Marmelos e bolos diversos 

-Priapo com uvas silvestres salpicado de açafrão 

Porco saborizado para parecer ganso, peixe e frango 

(adaptado dos versos de Satiricon, de Petronio) 

(banquete romano)

Após a refeição, o anfitrião decidiria como ele iria beber o vinho. O vinho na antiguidade é uma curiosidade a parte. O seu preparo é tão primitivo e original que ele se assemelharia hoje mais a um conhaque que a um vinho moderno, por isso era adicionado, conforme o anfitrião, uma quantidade de água, por exemplo: vinho a 1/5 d’agua para não ficarem de ressaca, ou 1/3 para a bebedeira ser inesquecível. 

(Momento de lazer romano)

“Eram servidos em vasos designados por um termo grego, “crateras” (o que significa exatamente”misturadoras”) e alguns vinhos não eram apreciados se não se lhes juntassem água do mar, por mais estranha que essa preparação nos possa parecer hoje. Um hábito de origem grega acabou por se estabelecer. Depois da refeição, os convivas começavam a beber. Elegiam um “rei do festim”(magister bibendi), que determinava, a seu bel prazer, o número de taças e a qualidade do vinho que cada um tinha de beber. Era o momento preferido pelos conversadores. Se o rei do festim era de humor moderado, passava-se o serão na conversa ou em distrações de boa companhia: jogos de ossinhos (tali), sessões de saltimbancos, canções acompanhadas por um tocador de flauta. Nos grandes banquetes, os convivas gostavam de ouvir cantar verdadeiras cantinelas, os “cânticos de banquete”(carmina conuiualia), onde se louvavam as virtudes e os feitos dos antepassados. No entanto, se o rei do festim era um bom bebedor, nessa altura os convivas aqueciam; os ossinhos pareciam um jogo de criança; reclamavam-se os dados - o que era contrário à lei- e jogava-se forte, até o momento em que, no meio da discussão e da bebedeira geral, o grupo se desfazia, voltando cada um para sua casa, como podia, apoiado ao ombro do escravo” (Pierre Grima, A vida em Roma na Antiguidade) 

(Cratera)

Conforme as influências orientais, essencialmente gregas, o culto a baco(Liber pater) e aos mistérios de Orfeu se propagaram no mundo antigo, influências desses rituais se faziam nos banquetes terminando num descontrole, levando a orgias. 

(Orgia em um banquete, afresco de pompeia)


Por fim, uma última curiosidade. Nos versos do satírico Marcial, Apophoreta(séc I d.C) ele lista algumas possíveis lembranças que os anfitriões costumavam oferecer de presente aos seus convidados na hora da despedida, isso quando eles lembravam de o fazer: 

-Alimentos: nabos, figos e trufas 

-Objetos: grampos de cabelo, pentes, meias, talheres e gaiolas de passarinho 

- Obras de arte: livro de Homero ou Ovídeo, um Hércules de bronze ou um corcunda de argila 

- Animais: papagaios, corvos, pôneis, burros e macacos 

-Escravos: com sorte, era possível levar para casa um anão, um escriba ou até mesmo um bom confeiteiro, ou quem sabe um bela dançarina ou tocador de flauta.

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